216-O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO-ALLAN KARDEC

CAPÍTULO XXVI:  PEDI E OBTEREIS

ITENS 3 e 4:  CONDIÇÕES DA PRECE

 “E, propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros:

  Subiram dois homens ao templo, para fazer oração: um fariseu e outro publicano.

  O fariseu, posto em pé, orava lá no seu interior, dessa forma: Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano; jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo o que tenho.

  O publicano, pelo contrário, posto lá de longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, sê propício a mim, pecador.

Digo-lhe que esse voltou justificado para a sua casa, e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado.” (Lucas, XVIII: 9 a 14)

Nesta parábola, observa-se outra condição para a prece chegar até Deus: a humildade, que leva quem a possui, em maior ou menor grau, a reconhecer suas deficiências, suas limitações, pedindo, mas colocando-se sob a vontade de Deus.

O humilde não perde tempo em observar as faltas alheias, porque está ocupado em fazer o melhor que lhe é possível.

Reconhece a sabedoria e o amor do Pai, confia n’Ele, trabalha no cumprimento de todos os seus deveres, sem comparar-se aos outros, porque sabe que todos são iguais perante Ele.

Sem humildade, não se pode amar ao próximo, nem ser caridoso, porque é essa virtude que faz o homem igualar-se aos demais, a não se sentir superior a ninguém.

Com o esforço de desenvolvê-la em si, vai o homem eliminando o orgulho, sentindo-se capaz de amar ao próximo como a si mesmo, usando de caridade para com todos.

 Por isso, Lacordaire afirma que “Sem a humildade, enfeitai-vos de virtudes que não possuís.” *

 A prece agradável a Deus é a que parte de um coração sem sentimentos negativos, com humildade como a do publicano e não com o orgulho do fariseu da parábola.   

Nós, os encarnados, na luta interna de corrigir as qualidades negativas que criamos dentro de nós, no decorrer desse processo de evolução, que está longe de atingir o determinismo divino da perfeição, já possuímos condições de, nos momentos da prece, sentir a humildade desabrochando e querendo crescer.

Assim, no exercício da prece sincera, vinda do fundo do ser, com fé, está o homem também desenvolvendo a humildade, adubando-a, aguando para que essa pequenina virtude cresça e se desenvolva também nos outros momentos do viver, até que ela passe a fazer parte do nosso “eu” interior.

O viver em um mundo de expiações e provas propicia infinitas oportunidades de prática evangélica. Basta estarmos atentos em nossos propósitos, seguindo os ensinos de Jesus: “Sede perfeitos” e “Vigiai e orai.”

* - Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VII, item 11, 3º §.

Leda de Almeida Rezende Ebner – Maio/ 2019

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner, após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.