Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

                                          LIVRO SEGUNDO

                          “MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

                         CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

   QUESTÕES DE 76 A 131

I – Origem e Natureza dos Espíritos – 76 A 83

II – Mundo Normal e Primitivo – 84 A 87

III – Forma e Ubiquidade dos Espíritos – 88 A 92ª

IV – Perispírito – 93 A 95

V – Diferentes ordens dos Espíritos – 96 A 99

VI – Escala Espírita – 100 A 113

VII – Progressão dos Espíritos – 114 A 127

VIII - Anjos e Demônios – 128 A 131

PERISPÍRITO - APANHADO GERAL - q. 93 a 95

PERISPÍRITO em QUESTÕES - 1:

1.      Como o períspirito conduz nossos pensamentos?

O homem não é apenas uma estrutura mental, é um ser espiritual, um organismo psíquico. O pensamento, gerado pelo sentimento, deflagra energias psíquicas, o que nos faz entender que as relações mentais não se processam da mesma forma que as relações orais, porque estas se passam no plano físico e aquelas no plano extrafísico.

Karl Jung pretendeu explicar que as relações psíquicas têm sua correspondência na Teoria da Associação, na qual o mundo psíquico é regido pelos arquétipos fundamentais, tendo por lei de relação a Sincronicidade, isto é, a ocorrência simultânea, o entrosamento de energias que ocorrem ao mesmo tempo em idêntico teor de frequência.

 Watley Carington explicava que as mentes não são emissoras nem receptoras no sentido de uma ligação do tipo telefônica ou radiofônica, mas apenas – perceptivas e analógicas. As ideias ou imagens mentais elaboram formas e pensamentos, estruturas mentais que se comunicam entre si, segundo a lei de associação por semelhança.

As mentes, então, se comunicam por uma linguagem não articulada, mas de sintonia análoga, isto é, com função semelhante, equivalente, podendo isso acontecer inclusive, por influência de outra mente que se apassiva e sincroniza com essa outra.

Sintetiza-se a lei afinidade / sintonia.

2.      Como ocorre a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado?

Baseados nas reflexões anteriores sabe-se que não há influência sem “aceite” entendido como “simpatia” daquele que emana como daquele que recebe.

A característica da emissão/recepção se processa assim: o Espírito desencarnado emite, projeta seu pensamento vestido pela inspiração, desejo, vontade – tem um objetivo em mente. A mente exterioriza o pensamento que no Fluido Cósmico Universal toma forma – as chamadas formas pensamentos – (Psicons). Ao ser exteriorizado, o pensamento é manipulado pelo Espírito emissor e projetado ao seu alvo encarnado. Havendo associação por semelhança, causará influência que poderá ser benéfica ou desarmoniosa, cabendo a cada um o cuidado da análise fria de tudo quanto lhe cruze o campo mental.

3.      Qual a formação e as propriedades do Fluido Cósmico Universal?

O Fluido Cósmico Universal (F.C.U.) é o plasma divino, “hausto”, inspiração do Criador ou “força nervosa” (ectoplasma) do Todo Sábio.

Deus, segundo os exegetas, imprimiu tal força ao Seu pensamento criando um Fluido Universal que geraria tudo quanto existe no Universo que tem as propriedades, qualidades inerentes, conjunto de características que se lhe deram começo não lhe dão fim. Assim:

          a) - eterizado e imponderável – no sentido de que não é uniforme, tem a sua pureza absoluta, é sutil, impalpável.

          b) – materializado ou ponderável – não é ainda uniforme, mas já e palpável e por isso tem a sua impureza na materialização.

4.      Como os Espíritos utilizam esses fluidos para manifestar sua vontade?

Em “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz informa que o corpo físico tem sua formação presidida pelo corpo espiritual. Os pensamentos não precisam das palavras para ser compreendidos pelos Espíritos. A energia das ideias tem forma, cor. Acionadas pela vontade cruzam, sem se chocarem, o meio cósmico, buscando seu alvo, podendo ser compreendidos por estes ou aqueles Espíritos, encarnados ou não, segundo a faixa evolutiva em que se demoram, estacionam ou se projetam em anseios maiores.

5.      Como o Espírito encarnado produz fluidos e age sobre eles?

Recordar que como encarnado, o homem apresenta-se com vitalidade, energias próprias do campo vital, que lhe ordena e vivifica a matéria. Esse fluido vital, energia animalizada vibra em campo magnético próprio enriquecido pela mente na qual os fluidos específicos do Espírito ampliam esse verdadeiro vórtice energético.

 O que o Espírito sente, exterioriza-se no pensamento que lhe dá forma associando-se a vontade que lhe dá direção.

  Nessa dinâmica, cada um irradia de si, um campo eletromagnético que lhe é pessoal, que caracteriza seu mundo íntimo enriquecido ou pobre, inferior ou superior, agregando, imantando seres, situações, encarnados e desencarnados, que lhes atenda às solicitações interiores.

   Ao desejar, se emocionar, amar ou odiar, o homem transforma o Fluido Cósmico absorvido automaticamente dando-lhe características pessoais, atraindo e sendo atraído.

Esse halo vibratório energético é que possibilita que um Espírito seja reconhecido, identificado, uma vez que exterioriza sua essência como ser.

Para aprofundamento, encontraremos bibliografia em “A Gênese” – cap. X e XIV: “Deus na natureza” – Camille Flammarion II; “Revista Espírita” ano 1866 pag. 67-71 a 77; 1861 – pag. 45 e 1868 pag. 166 – 1859 pag. 80; “Evolução em Dois Mundos” cap 1; “Mecanismos da Mediunidade” cap III, ambos de André Luiz e “O Livro dos Médiuns” itens 75-77 e 98. Também no livro Educação Mediúnica – Teoria e Prática - vol 1 - Ribeirão Preto: BELE, 2005 de Leda Marques Bighetti. Para enriquecimento do tema remetemos ainda a: Gabriel Delanne – Evolução Anímica, Hermínio C. Miranda – A Memória e o Tempo, além dos citados ou transcritos no texto.

            Leda Marques Bighetti – Novembro/2015