Receios

De modo geral, quem procura a Casa Espírita o faz por sentir-se ameaçado, como se um perigo, uma nuvem o acompanhasse. É comum ouvir:

“- Vamos ao Centro! Olha os obsessores! Eles estão de olho, à espreita; vamos lá rezar, ser bonzinho, fazer caridade...”

Esses pensamentos divertem Espíritos inferiores mostrando-lhes campo aberto para ali se estabelecerem.

Como?

“Vou ao Centro todo dia; recebo passes; trabalho aqui e ali...”

Na realidade, em relação a minha ida ao Centro e ao trabalho que ali executo, falta um princípio que muda tudo: não sirvo nesta ou naquela área para ser recompensado, protegido pelos Amigos Espirituais.

Eles e o Centro não precisam desse tipo de trabalhador. Necessitam sim daqueles que participam integrados ao doar, ao servir – jamais ser servido.

O campo daquele que age grato à oportunidade que está recebendo, envolve-se, mesmo que não perceba, num todo irradiador. A cada passo que dê, cada providência que tome ou realize, inunda-se em luz, envolve-se em estruturas fluídicas não interessantes aos Espíritos inferiores.

Não está claro?

Como fazer para que inferiores não se imantem à minha mente?

Compreender primeiro que não são atitudes materiais que afastam ou atraem Espíritos. A aproximação deles se dá por estado de sintonia entre mentes. Pessoas tristes, pessimistas, desequilibradas, impacientes, magoadas, atraem mentes de igual teor.

Ligue-se a lembranças, planos, pensamentos alegres, bons, construtivos e terá, pelo campo energético criado, presenças afins contribuindo para eficácia e bons resultados daquilo que se propõe. Fomos criados para a felicidade – esse é o normal. Desviar-se dessa destinação é ação infeliz de cada um.

Ah! Mesmo mergulhado nesses pensares, sinto, vez ou outra, inclinações menos dignas?

É natural; faz parte de um processo pedagógico que exatamente mostra pontos em mim a serem enfrentados, trabalhados, educados, substituídos e nunca para a eles se entregar, submetendo-se.

Outro detalhe perigoso a ser analisado: como encaro a atitude do outro? Consigo pensar que em essência somos todos necessitados?

Mas a pessoa é irritadiça, age, responde de forma grosseira. Que pena! Ele ou ela é assim, desequilibrado!

Compreenda! Respeite!  Não precisa, aliás, não deve entrar nesse descompasso. Valorize-se, liberte-se, não se envolva. Ajude sim com seu silêncio em prece irradiadora de paz.

Prestar atenção em como reagimos nas relações habituais com os outros. Quase sempre sem perceber abrimos portas, convidando companhias não muito agradáveis para que sigam conosco.

O negócio é que sou vítima. Tudo  acontece comigo! Essa afirmação por si só já é escancarar de portas para que se intensifiquem tristezas e mágoas. Na realidade posso estar sendo o algoz. Examine o que emite.

Normalmente sinto-me abatido, sem coragem. Aceite isso e cada vez vai se surpreender pior. Sejam quais forem as circunstâncias, tristezas, males, mágoas, elas só durarão na medida em que receberem alimento. Mude e verá que esses detalhes são passageiros estando na função de mostrar o teor de confiança espiritual que mereço.

Ainda: escolha uma instituição espírita em que se sinta bem, em que os estudos o esclareçam e motivem para descobrir-se como pessoa maravilhosa que cada um é, e fixe-se nela. Não fique pulando de uma para outra porque gosta de deste ou daquele trabalhador.

Se ouvir vozes, sentir toques, não se assuste – é você que está permitindo - não se assuste. Ore mentalmente, peça aos Espíritos bons que encaminhem os companheiros certamente necessitados. Leia pela manhã e a noite um parágrafo do Evangelho e viva o convite que o texto propõe. Busque orientações na casa que frequenta.

Não se deixe atrair por diversas outras formas em mistura de crendices nacionais e africanas. Não se confie a amuletos, patuás, colares milagrosos.

Fui aconselhado a receber X número de passes e ai tudo ficará bem...

Ninguém, veja  – ninguém – pode melhorar-lhe as companhias, influenciações ou tirar obsessores. Não é o número de passes que garante boas companhias – é cada um que se trabalha, centrando-se em sentimentos, pensamentos e atos em Jesus.

Estude Doutrina Espírita nas obras de Allan Kardec. Admita e viva a fé raciocinada. Dedique-se ao estudo.

Somos todos aprendizes com maior ou menor grau de conhecimentos e experiências. Como o Espiritismo é uma doutrina racional cujo objetivo é a renovação moral do homem, entendendo isso, manter-se-á a casa mental em equilíbrio podendo inclusive, ajudar a tantos outros que não tiveram oportunidade de conhecer detalhes tão simples, mas que se postos em prática, são garantia de coração feliz pelo Espírito em paz.      

 

 

Leda Marques Bighetti – Janeiro 2017

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2024/4/20 | 00:24:27

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