Igualdade 3/3

     As reflexões a seguir decorrem porque em algum ponto do tema estudamos que a aptidão, a capacidade inata, habilidade, vocação, tendência seria fator capaz de alterar ou romper a dicotomia superior/inferior – classe de mando e de obedientes.

     Sob isso questiona-se:

     Quais as diferenças de aptidões entre encarnados que se relacionam em uma sociedade?

     Por que alguns com inteligência, senso claro da realidade, poder de iniciativa, energia, visão profissional diferente dos demais?

     Estuda-se e é ponto claro na Doutrina Espírita que nada é gratuito e sim, fruto de esforço pessoal e vontade real, dois pontos fundamentais que definem mérito.

     Nesse raciocínio se evidencia a Justiça Divina que a cada um oferece possibilidades segundo suas obras.

     As aptidões mais desenvolvidas, sem dúvida, referenciam resultado de ingentes esforços pessoais, e essa, a razão do mérito, do valor, do merecimento.

     Empenho, vontade, intensidade, duração, detalhes que sendo variáveis entre os Espíritos, estabelecerão, ainda que, quase imperceptíveis, as diferenças.

 

     Destaca-se que, a diferença de aptidão não é dom gracioso de Deus, efeito de hereditariedade, ambiente social, doméstico, raça, educação recebida ou “predestinação divina”.

     O mérito, o valor é proporcional e decorrente do empenho, afirmação claramente atestada em “O Livro dos Espíritos” questão oitocentos e quatro e oitocentos e cinco quando reflete que Deus criou os Espíritos iguais, mas cada um deles viveu mais ou menos tempo, e, por conseguinte, realizou mais ou menos aquisições segundo opções no Bem ou no Mal.

     “A diferença está no grau de experiência e na vontade, que é o livre-arbítrio: daí decorre que uns se aperfeiçoam mais rapidamente, o que lhes dá aptidões diversas. A mistura de aptidões é necessária a fim de que cada um possa contribuir para os desígnios da Providência, nos limites do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais; o que um não faz, o outro faz, e é assim que cada um tem função útil. ”...   

     E Allan Kardec comenta:

     Assim, a diversidade das aptidões do homem não se relaciona com a natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento a que ele tenha chegado como Espírito. Deus não criou, portanto, a desigualdade das faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento se mantivessem em contato a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar os mais atrasados a progredir. E também a fim de que os homens, necessitando uns dos outros, compreendam a lei de caridade que os deve unir.”

     O Evangelho no seu capítulo XVI - 8 questiona algo de muito interesse, principalmente na resposta:

     - Por que todos os homens não são igualmente ricos?

     - Não o são por uma razão muito simples: é que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem moderados e previdentes para conservar.

     Registra o texto, que a aptidão para o sucesso econômico, nesse caso, ou extrapole-se para qualquer outro, é consequência do grau espiritual mais elevado, de Espíritos que reencarnando numa mesma sociedade, trazem predicados que emergem desse passado e se manifestam no momento social atual.

     Aqueles que alcançaram graus espirituais superiores agirão demonstrando em seus atos e decisões pessoais atitudes que os diferenciarão do contexto geral.

     Não há, repita-se, privilégio na Criação, a tal ponto que se poderia montar o seguinte encadeamento:

     - Antiguidade do Espírito – Desigualdade de aptidões – Diferença das posições sociais, definidas como é claro, pelas opções e aproveitamento de cada situação.

Leda Marques Bighetti – Outubro/2018
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2024/3/28 | 06:12:05

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