38 – Como criou Deus o Universo?

Para me servir de uma expressão corrente: por sua vontade. Nada exprime melhor essa vontade todo-poderosa do que estas belas palavras do Gênese; “Deus disse: Faça-se a luz, e a luz foi feita”.

Existindo por sua natureza, desde toda eternidade, Deus criou desde toda eternidade e não poderia ser de outra forma, visto que, por mais longínqua que seja a época em que recuemos pela imaginação nos supostos limites da criação, haverá sempre algo além desse limite, uma eternidade.

O começo absoluto das coisas remonta, pois, a Deus. As sucessivas aparições delas no domínio da existência constituem a ordem da criação perpétua.

No seu nascedouro já trazia em si plenitude de vida, mas como tudo na Criação o universo, diríamos, nasceu criança. Trazia implícito, porém, as leis universais que atuam em tudo e em toda parte, modificando sua ação pela intensidade ou gradação, mais intensa aqui, menos ali, latentes acolá, mas sempre dirigindo, construindo, destruindo mundo, uma vez que são elas inerentes ao fluido cósmico.

Revestido, portanto, dessas características acima e da impulsão inicial inerente à sua formação, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente nascessem turbilhões, aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se separaram por si próprias e se modificaram ao infinito, para gerar nas regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas.

Em virtude das forças que predominaram sobre um ou outro e das circunstâncias anteriores que incentivaram seu desenvolvimento, cada centro desses, tornou-se foco de uma vida especial: uns, menos disseminados no espaço e mais ricos em princípios e forças atuantes, começaram desde logo a sua participação na vida cósmica; outros, cresceram com lentidão extrema ou de novo se dividiram em outros centros secundários. 

Notamos aí que da matéria cósmica primitiva em estado apropriado, agirão leis universais imutáveis, nos quais os turbilhões energéticos vão se diferenciando. O impulso determinista que dita o início do fenômeno eclode e só cessará quando acontecer o grau máximo de condensação, a refletir-se nas formações estelares e planetárias.

(continua no próximo mês – q.39) 

Kardec, Allan – Revista Espírita 1862 – pág. 243 a 246 1863 – pág. 354 e 355 1867 – pág. 65 a 72 

Andréa, Jorge – Impulsos Criativos da Evolução – cap. I