O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

                                          LIVRO SEGUNDO

                          “MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

                         CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

   QUESTÕES DE 76 A 131

I – Origem e Natureza dos Espíritos – 76 A 83

II – Mundo Normal e Primitivo – 84 A 87

III – Forma e Ubiquidade dos Espíritos – 88 A 92ª

IV – Perispírito – 93 A 95

V – Diferentes ordens dos Espíritos – 96 A 99

VI – Escala Espírita – 100 A 113

VII – Progressão dos Espíritos – 114 A 127

VIII - Anjos e Demônios – 128 A 131

PERISPÍRITO - APANHADO GERAL - q. 93 a 95

PERISPÍRITO E CORPO MENTAL.

“Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico é que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação.” (Evolução em Dois Mundos – André Luiz II).

NOTA – O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela com que tem sido apresentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre. (Nota do Autor Espiritual)

No transcorrer dos estudos estamos aprofundando as ligações de um corpo altamente complexo, como é o perispírito e suas ligações com o corpo de relação do encarnado ou do desencarnado. Sabemos que ele é o corpo de relação da alma nos diferentes níveis a que pode chegar em sua escalada evolutiva. Como esse comando se processa, no momento só são possibilitadas deduções pelos efeitos de sua ação.

O princípio Inteligente é sempre o agente da ação e os corpos físico e espiritual, meros instrumentos de sua atividade.

Emmanuel em “O Consolador” q.30 ensina que o corpo físico, excetuadas certas alterações impostas por “provas ou tarefas a realizar” é uma exteriorização aproximada do corpo perispiritual.

Em “Evolução em Dois Mundos”, cap. II, André Luiz reforça essa ideia grafando que os centros vitais são fulcros energéticos que sob a direção automática da alma imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que produzem substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, tecidos e órgãos que constituem “o cosmo vivo de manifestação”.

No campo do Espírito não é totalmente igual ao corpo físico “apresentando algumas transformações fundamentais, depois da morte carnal, principalmente no centro gástrico pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na comunhão das almas”. (“Entre a Terra e o Céu”, cap. XX André Luiz).

Em meio a tantas delicadas e complexas reflexões, não se pode imaginar a criação do Princípio Inteligente por Deus, sem que no mesmo instante Deus não lhe tenha dado um corpo espiritual.

A resposta mais comum é que desde a criação, a alma, como princípio espiritual, foi dotada de um corpo de relação simples no qual já são gravadas as leis do Pai. Esse corpo primitivo e primeiro, pode-se afirmar forma com a alma um ser uno, simples e ignorante. Em sua trajetória na escalada da evolução, vai se adaptando aos diferentes mundos e vive utilizando-se de variados corpos complementares para sua relação com outros seres, seja na esfera espiritual ou física. Como decorrência a constituição do perispírito vai se tornando mais complexa, justificando os diferentes comportamentos, reações, etc. ao passar de uma esfera vibratória para outra.

Na primeira transcrição da “Evolução em Dois Mundos” cap.II, André Luiz fala de Corpo Mental, como envoltório sutil da mente, ainda não definido para os encarnados, por falta de uma terminologia terrestre adequada.

Entretanto, se ele coloca naquele parágrafo “...que o corpo mental é envoltório da mente e preside a formação do corpo espiritual, também é perispírito”.

Diante disso pergunta-se:

De quantas partes é formado o perispírito?

Como realmente ele se estrutura para a relação da alma nos diferentes níveis de sua ação?

Em “Nosso Lar”, cap. 36, André Luiz narra ter sonhado com sua mãe, dizendo que se sentia levado para regiões sublimes e que “...sabia perfeitamente que deixara o veículo inferior no apartamento”.

Que veículo seria esse senão o próprio corpo perispiritual ou astral? Com que corpo foi levado para regiões mais elevadas?

Afirmam os estudiosos que com o corpo mais sutil ainda, o corpo mental.

Em “Libertação”, cap. VI, o mesmo autor fala sobre “segunda morte” referindo-se que o corpo espiritual morre como o corpo físico na desencarnação terrena.

“Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em matéria mais rarefeita. Viste companheiros que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza, por enquanto não nos é possível sondar, e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispirísticos para renascerem na carne terrestre”.

Até o momento, pode-se dizer que se conhecem três camadas formadoras do corpo perispiritual:

     a) corpo etérico ou duplo etérico;

     b) corpo espiritual ou corpo astral;

     c) corpo mental ou envoltório sutil da mente.

“Mas qual é realmente a constituição do períspirito e onde realmente se localizam os centros de força”?

“Em reunião do dia 24-9-84 ao final de uma reunião de estudos na federação espírita do Estado de São Paulo, após exposição de aula sobre o períspirito e centros de força, foi feita a pergunta acima ao mentor espiritual dos trabalhos”.

“Os esclarecimentos que se seguem, foram dados, segundo pensamos, por André Luiz que se manifestou ao final da aula”. Disse o mentor:

“O períspirito compõe-se de diversos corpos, que vão se superpondo em camadas, até atingirem sua forma mais alva e sutil”.

“Estes corpos são os seguintes:

          a) – corpo etérico;

          b) – corpo astral;

          c) – corpo mental.

O corpo mental, por sua vez, compõe-se de muitos outros corpos, conforme o grau de evolução do Espírito.

Estes corpos são:

          a) – corpo mental inferior;

          b) – corpo mental médio;

          c) – corpo mental superior;

          d) – corpo mental sublime.

Após este nível, temos a Espiritualidade Maior, onde o perispírito se apresenta em outros graus, até perder seu peso específico.

Os centros de força se localizam em todo esse conjunto. Atravessa todas as camadas. Se se diz que está no duplo etérico, está a dizer-se que a atuação mental está no duplo, que neste caso torna a parte atuante.

Estas informações do mentor permitem perceber melhor a constituição do perispírito e as naturais perdas ou “mortes” dos corpos perispirituais, à medida que o Espírito se depura, avançando na escala evolutiva.

A busca de mais amplo entendimento nos leva ao que fala Allan Kardec em “A Gênese”, cap. XIV, item 17:

“O fluido perispiritual, é, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Durante sua união com o corpo, é o veículo de seu pensamento para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais se agitam sob o impulso de sua vontade, e para repercutir no Espírito as sensações produzidas pelos agentes exteriores”.

“Isto nos permite um mais amplo entendimento do que seja o períspirito: todo um conjunto que envolve o princípio inteligente, possibilitando sua ligação com a matéria, incluindo, pois, como se vê, o corpo mental, o corpo astral e o corpo etéreo”. ( Durval Ciamponi em “O Semeador “ , edição FEESP, setembro, 1993.) .

Síntese:

          - o corpo espiritual retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação.

          - corpo mental - “envoltório sutil da mente”;

          - preside a formação do próprio períspirito;

          - parte imperecível do períspirito;

          - acompanha o princípio inteligente em qualquer estágio da evolução desde a criação simples e ignorante até o nível dos puros;

          - corpo mental e corpo energético de dimensão superior ao períspirito. (“Evolução em Dois Mundos” – André Luiz)

            Leda Marques Bighetti – Agosto/2015