Um Espírito Protetor expôs, neste texto, todo o seu lamento, toda a sua tristeza ao ver a incessante preocupação dos homens com os bens materiais e da pouca preocupação com os bens espirituais, os únicos que os acompanham, quando perdem o corpo físico e penetram no seu mundo real, de onde veio.

O homem vive muitas vezes na Terra, tantas quantas forem necessárias ao seu desenvolvimento espiritual, mas de cada vez, um punhado de anos apenas e, em cada existência, vive quase que em função dos bens materiais, menosprezando os espirituais, ou dando a esses apenas uma pequenina parte das suas atenções.

Cuida-se muito da melhoria material, do aumento das rendas, dos bens, do dinheiro, do conforto e prazeres, gastando grande parte das suas energias nessas atividades, esquecendo-se de que a única melhoria que lhe é exigida, para ser mais feliz no plano espiritual, após o desencarne, é a sua melhoria moral.

Mesmo os que aceitam a vida após a morte, iludem-se pensando que lhe serão valorizados seus esforços, sua luta para enriquecer, para aprender multiplicar o dinheiro, suas noites preocupantes e angustiadas nos riscos que corre... 

Quanta energia dispensada, quantas doenças assim iniciadas e mantidas, quanta beleza, quanto prazer, quanta alegria, não percebidos ao seu redor, pela preocupação com os bens materiais... 

Verdade é que mais tarde, no espaço, quando despertar, pelo sofrimento, para a realidade da vida espiritual, no arrependimento e no remorso, poderá perceber também que sua capacidade intelectual está mais desenvolvida, sua vontade também, e, se for um Espírito realmente corajoso, vai dispor-se a voltar à Terra, nas condições que seus Amigos Superiores ajuizarem como as mais adequadas, preocupado em usar das suas qualificações intelectuais no bem, no seu progresso moral. 

Permanecerá um tempo no espaço, estudando, trabalhando para preparar-se a uma nova existência, mais dificultosa do que a anterior, com lutas maiores do que antes, porque, além das dificuldades vindas do exterior, terá suas lutas internas, na reação às suas inclinações, às suas tentações internas aos estímulos dos valores externos.

Jesus sabia das dificuldades do Espírito que quer transcender-se, por isso, disse: “Vigiai e orai” e, na prece do Pai Nosso : “Não nos deixeis cair em tentações, livrai-nos do mal”, tentações e mal que foram colocados dentro de cada um por si mesmo, na satisfação do egoísmo e do orgulho.

“O cúmulo do absurdo é ver, não raro, aqueles que têm um imoderado amor da fortuna e dos gozos que ela proporciona, sujeitar-se a um trabalho penoso, vangloriarem-se de uma vida de sacrifícios e merecimento, como se trabalhassem para os outros e não para si mesmos.” 

Na preocupação com o bem-estar material, na satisfação dos prazeres materiais, do orgulho e do egoísmo, o homem torna-se escravo do corpo, dos valores materiais, esquecendo-se do Espírito imortal.

Termina com a seguinte pergunta: “Seria esse o objetivo da existência que Deus vos concedeu”? 

Aos que não aceitam Deus, poderíamos perguntar: Tantos bilhões de anos para que o homem chegasse ao que hoje é, para viver uns tantos anos na Terra, apenas para seu prazer sensorial? 

                           Leda de Almeida Rezende Ebner

KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.